sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011
OFICINA DO SURTO.
Quero enlouquecer, uma vez que sou mau e podre. Quero sentir raiva, muita raiva. Quero ser decepado pelo ódio; quero que os cavalos selvagens cavalguem sobre as minhas costelas. Pisoteado, serei medonho e tetraplégico. Meu cérebro escapará por uma fenda minguante. Uma chuva de seringas caíra sobre o meu crânio, e os gafanhotos devorarão os meu intestinos. O doutor enfaixará meu rosto inteiro e sentirá medo. As enfermeiras sussurarão "feio e mau". Mesmo a criança perceberá que não sou um paciente comum. Meus ossos serão afiados, e meus dentes serão como os da hiena. Serei carniceiro e amarei a barbárie. Deixarei o sol corroer a minha pele. Serei negro e terrível, como um nômade africano. Matarei a pedradas. Terei por prática religiosa o canibalismo, e meus olhos serão estreitos como o meu intelecto. Mastigarei os ossos dos meus amigos; os olhos dos meus inimigos. Cortarei os tampos das cabeças dos meus pequenos irmãos e os deixarei ao sol; serão as cegas esculturas da violência. Jogarei Deus na areia movediça, e o escutarei pedir socorro. Ele gritará, atrás de sua barba e de sua sabedoria; o deserto comerá o seu fígado divino; o calor torcerá suas veias e o costurará à terra. Gritarei como um louco, e arrebentarei a minha própria garganta com as unhas. Sangre, minha alegre vida, sangre até a última gota! Serei violento como o fogo nos cabelos da humanidade.
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