terça-feira, 6 de setembro de 2011

Em sua boca havia um pouco do mel espesso de sua última palavra,

Com o seu esôfago cosia auroras, bordando

um lenço de juncos inertes – o grito mergulhava como um peixe

em lagos sem nome: homem e fera lambiam da mesma fonte.

E a lama fresca de seus pés – Olhos

sepultos em espelhos escuros – deixava um odor turvo e pálido de

passado esquecido. A tudo ele sentia

Com a mais viva intensidade. Do seu

peito, pulmões gemiam em cavernas ósseas, gemiam canções de guerra. Alasão

Sem lesões, cascos firmes esburacando nuvens cinzas

de poeira, a crina levava estrangulado, em suas tranças negras, uma antiga vaidade;

e o tempo já não segurava as rédeas de seu pescoço;

e ele parecia eterno, sentia um gosto amargo e absurdo de permanência.

Selvagem, ignorou que o mundo era geométrico: cubos, planos, primas

– tudo o mais era carne, músculos, vegetação

túmida; nesga de homem corria na lágrima do animal.

E o orvalho eram os seus olhos, vivos, vivíssimos em tudo,

segurando os cabelos vermelhos do astro pelos dentes

E o puxando violentamente de volta para si. Enfim, não era homem

Crepitando o carvão dos dias.

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