terça-feira, 23 de novembro de 2010

(...)

Vidros gotejam gritos
Luz na lanterna que apaguei

Vigia insaciável
Na escuridão de aço;

Solidão de cápsulas vazias
Grades que não balançam.

Vagalume como o enxofre
Que corrói
Os panos sobre os mortos,
Os panos sobre os vivos.

Máscaras de gesso
Pus
Sobre ti, ó cadáver, ó pedaço de necrotério!
Pus sobre ti, ó cadáver, o quê?
Máscaras de gala
Para o baile da morte.

Teu rosto, oculto assim, júbilo de planetas que afundam,
Que afundam na escuridão incoercível dos mares.
Como a navalha em minha carne
Como o gelo nos galhos ósseos
Eu te ocultei, fundo, fundo.
E nas vértebras e no sol

Gaiola de veneno
Gaiola de olhos sem par
Gaiola de arcos, e olhos,
olhos arqueados sobre a manhã.
A manhã sangrenta dos nosso Destino.

Metacarpos deslizando, deslizando como a água das chuvas
No calçada de vidro gris.
Dorsos que se espicham; braços rasgam sudários:
Sol sobre as colinas,
E o trapézio do homem que nasce.
Amanhã, em certa hora, terá sua sombra
Morna na boca.

Sonha a lua de amoníaco
Com teus olhos desaguando,
Livres e gélidos,
Em rio:

Sossega a palavra
Que rasgo com essas presas;
Sossegam teus olhos;
Mercúrio e voz
Que se calam na escuridão.

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