terça-feira, 28 de abril de 2009

Vaso Chinês


Em útero de porcelana
Nasce, da semente silenciosa
Uma flor, as pétalas vibrando como o vento
A nota azul e murcha que lambe os cata-ventos
Um raio vermelho desaba, mutilando a verde sombra
Que rasgava o céu plástico de fôlhas.
Um outono induzido arranca com mãos búdicas
O ouro ardente dos olhos sonolentos.


O Vaso Chinês

Teu útero, frio, é liso como a porcelana
E eu o lambo, muito devagar.
Quero que dentro dele fecunde meus sonhos e meus pesadelos
E se torne a flor artificial que carrego nas mãos.
É o meu coração, esta belíssima flôr.

O Vaso Chinês

Abaulado esquife
Tua mão sobre o peito inchado de ar
Sobe e desce; flores parecem surgir na carne viva
Do teu lábio inferior, vermelho, vermelho.
A luz fria da manhã procura o seio
Enquanto um rio de seda corre os ombros
Quebrando na orla do teu joelho.

Nenhum comentário:

Postar um comentário