No Túmulo de Salvador Dalí
"Mijei diante do teu túmulo
Onde Eles plantaram dois narcisos em flor
E a cascata dourada desse meu pesadelo
Regou os olhos vermelhos em botão
E as pétalas humanas de quem morreu sozinho e bêbado.
Ah! Morra tranqüilo, infeliz.
Onde os gafanhotos cavaram o féretro, repleto de folhas secas do céu.
Ah! Apodreça
Para que a marcha triunfal das formigas
Guarde o teu túmulo, destruído e repleto das cascas do nascimento do mundo.
E quem sabe o estreito onde afogaste o óvulo de tua mãe
Pereça, calmo na sombra ondulante dos teus bigodes."
O que significa isso? Afinal, tenho legítimo gosto por profanar até mesmo aqueles que foram os meus heróis? Andei relendo meu blog e percebi uma coisa: foda-se a genealogia.
Foda-se mesmo. Além de ser vaidoso e pedante, sou menos que todos o interessado em revirar os entulhos do meu passado. Foda-se o passado. Quero viver do presente e do futuro. Esquecer minhas raízes, esquecer seja qual for a medíocre origem que tive. Quero morrer. Porque morrer está no futuro, e quero chegar ao fim do meu futuro. Bem no fim.
Então estou encerrando prematuramente o texto. Não terá continuação. E esse encerramento também o será das minhas influências. Como o Naraku, em alguns dias do mês eu me livro de partes inúteis do meu corpo para me fortalecer (isso porque absorvo muitos corpos de youkais) *tri nerd*. Faço o mesmo com o que leio, e agora estou descartando aquilo que me é inútil: veneração submissa, afeto e patrono. Não quero ter pais. Quero ser livre de adorar esse bando de loucos. E isso serve para todos: Nietzsche, Rimbaud, Camus, Sartre, Perse, Benn. Todos eles me serviram muito bem enquanto pude sugá-los, mas agora: adeus. Sou um novo homem.
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