segunda-feira, 16 de março de 2009

Pulso

Meu estilo mudou, e muito. Este fim de semana foi bastante proveitoso para que eu me livrasse das influências de Demian, ou antes disso, apenas reatualizasse meu modo de escrever. Esbocei alguns poemas, escrevi descrições e me forcei a deixar uma linguagem típica de Hesse: outonal, branda e reflexiva. Pesquisei, li alguma coisa de Baudelaire, mas ainda assim digo que devo muito mais a Sylvia Plath do que Baudelaire (uma poesia que tem, sem dúvida, me deixado bem embasbacado).

Escrevi 'Pulso' numa tara meio cyberpunk. Como alguns já sabem, estou escrevendo algumas 'fics', ou se preferirem, novelas cyberpunk. Pessoalmente, acho que a linguagem, em todos os sentidos, poderia ser muito melhor trabalhada. A primeira novela foi feita quase que 'de qualquer jeito' com algum mínimo de esforço na produção. A segunda será maior (está atualmente com 28 páginas) e se deixei de escrever por uns dias foi para repensar melhor, não só o meu estilo, mas a história, o curso e o enredo que ela tomava.

Minhas idéias iniciais sempre foram estas: uma linguagem cinematográfica e frenética, rápida e incompleta, repleta de imagens e sonoridades. Isso é tão difícil! É tão difícil pensar em tudo enquanto se escreve, porque escrever exige também um certo prazer da continuidade, do impulso de sair escrevendo e imaginando. Planejar me chateia, e talvez seja por isso que goste tanto de poesia: posso me esforçar, mas sem escrever muito. Os poemas saem ora curtos, ora longos, mas nunca é chato agrupar algumas palavras e escolher outras.

Escrevi três ou quatro poemas que postarei nas próximas sessões, e talvez em algum outro site (ou blog) publique na rede as partes das novelas (até mesmo para que vocês possam criticá-la e melhorá-la).

Pulso

"Meu pulso, este arame trêmulo que sangra
O verbo de uma língua inumana
Meu pulso hoje, frio, e, no entanto, sobrecarregado de frêmitos
Quase o vejo vazando no cristal do mais vivo sonho.
Meu pulso, implosão de protótipos de conceitos
Verdade nula? Incertezas nuas
Na faca que rasga um céu grávido de diamantes.
Meu pulso é esse passo
Mais largo que a sombra de Deus."


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