sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Espaço,
Distância,

A estrada, à noite, fica cheia dessa luz estranha
e congelada.
Parece que a noite também congelou
Em cristais bem
Finos
Finos e reluzentes,
Como centelhas minúsculas
de estrelas
Oblíquas.

E se tudo acabasse agora?
No fundo deste copo sem Deus
Eu vejo um sorriso
Vazio e desesperado.
Já não tenho a chama
A chama
A antiga chama...

Algo me chama, enquanto dirijo ao teu lado:
Acho que é aquele lampejo
Amargo
De verdade.
E na verdade, contei tantas mentiras,
Desenhei tantas ilusões,
Que já me perdi nas contas,
Que também já sou ilusão.

Os bons livros são mentidos
A torto e a direito. Mas minhas
Páginas já sumiram no vento
Escuro e sem estrelas.
A tinta está toda borrada na minha língua afiada
E amarga,
E estúpida.

E eu sou esta roda
Sem destino
Girando, girando, girando pela noite,
Devorando milhas
E curvas onde escorrega o mais tênue silêncio.
Eu não sei,
Não sei para onde fujo. Gravidade
Me trazendo para dentro,
Ou me expulsando
Para longe das órbitas dos teus olhos.

E eu deixo,
E eu deixo que tudo se acabe,
Desintegrando
Como a neve que nunca vimos,
Como a luz que nunca sentimos
Sobre nossas cabeças
E os nossos corações revoltados,
Ás vezes sem porquê.

E eu deixo,
Que a erosão das chuvas
Dissolva a estrada em que percorro
E giro
Meus sonhos falecidos;
E eu espero,
Que um acidente
Me traga de volta à vida
Que nunca vivi,
E que um leve gosto de realidade
Seja o meu ponto de impacto
Para finalmente
Voar em direção a mim.



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