quinta-feira, 7 de maio de 2009

Eu, filho do fenol e do etileno
Estou temporariamente hospitalizado
Por mágoas vãs, por vãos venenos
Que eu bebia quando era amado.

Agora eu ando por aí a esmo
Como um homem sem pátria e sem caminho
E mesmo que eu chore, e mesmo e mesmo
Que eu chore, chorarei sozinho.

Era pra lembrar Augusto dos Anjos, mas de qualquer forma postei (apesar de ser fraco e falso) porque faz muito tempo que eu não lido com ritmo e rima. Eu costumava gostar. Hoje pra mim tanto faz.

Meu trabalho sonoro do poema sempre se voltou mais para o efeito da palavra em si, imagético em sua plastificação sonora. Por exemplo:

"escombro duro de torres" - onde o encontro entre o b-r e a anasalação do o na palavra "escombro" induz uma idéia de gravidade, profundidade e destruição. A letra érre costuma fazer isso quando ela não arranha, mas em 'torres' esse duplo érre costuma me fazer lembrar da aspereza do concreto.

De qualquer forma uma palavrinha rápida sobre esse e o poema anterior: Estou naquele momento infecundo da não-idéia. Parece que escrevo por escrever, sem idéia do que fazer, sem grandes vontades que não a de exercer a técnica pura. Sol Negro saiu bem diferente do que eu queria. Queria algo melhor, não necessariamente maior. Acho que estou esgotado e querendo um tempo longe dessas coisas.

De qualquer maneira espero que não me apedrejem ou me venham consolar. Eu não sou mau amado e nem estou chorando sozinho. É apenas um eu-lírico falsamente inventado. Estou muito bem emocionalmente.

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